Ouve-se em certos telejornais expressões como a cujo
ou em cujo; contudo gostaria de saber se gramaticalmente a palavra
cujo pode ser antecedida de preposição.
O uso do pronome relativo cujo, equivalente à expressão do qual, pode ser antecedido de preposição em contextos que o justifiquem, nomeadamente quando a regência de
alguma palavra ou locução a tal obrigue. Nas frases abaixo podemos verificar que o pronome está correctamente empregue antecedido de várias preposições (e não apenas a ou em) seleccionadas por determinadas palavras (nos exemplos de 1 e 2) ou na construção de adjuntos adverbiais (nos exemplos de 3 e 4):
1) O aluno faltoua alguns exames. O aluno reprovou nas disciplinas a cujo exame faltou. (=O aluno reprovou nas disciplinas ao exame das quaisfaltou);
2) Não haverá recursoda decisão. Os casos serão julgados pelo tribunal, de cuja
decisão não haverá recurso. (=Os casos serão julgados pelo tribunal, dadecisão do qual não haverá recurso);
4) Houve danos em algumas casas.Os moradores emcujas casas houve danos foram indemnizados. (=Os moradores nas casas dos quais houve danos foram indemnizados);
5) Exige-se grande responsabilidade para o exercício desta profissão. Esta é uma profissão paracujo exercício se exige grande responsabilidade.
(=Esta é uma profissão para o exercício da qual se exige grande responsabilidade).
Colibri
diz-se: Culibri? ou Colibri (com o som do -o- aberto)? Li
que a sílaba acentuada é a última? Sendo aguda, que som tem a sílaba Co-? E
porquê, ou seja qual é a regra para a pronunciação desta palavra?
Na questão colocada,
está em causa a qualidade da vogal de uma sílaba átona, e não a sua acentuação
(a palavra é sempre acentuada na última sílaba: colibri).
A letra o pode corresponder ao som [o], como em avô
ou dor, ao som [ɔ], como em avó ou corda,
ou ao som [u], como em comida ou carro.
No português
europeu, como regra geral (com muitas excepções), as vogais que não pertencem a
uma sílaba tónica são elevadas. Por exemplo, no caso da vogal o das
palavras corda e cordão, o som [ɔ]
(vogal mais baixa) da palavra corda (com acento tónico em
cor) passa a pronunciar-se [u] (vogal mais alta) em cordão
pois a sílaba tónica passou a ser a última cordão. Esta
regra geral pode aplicar-se a colibri (como a sílaba tónica é bri,
a sílaba co- pode pronunciar-se [ku]), mas no caso desta palavra, há
informação lexical, isto é, relativa à própria palavra e não às regras mais
gerais da língua, que faz com que, por motivos etimológicos ou outros, a maioria
dos falantes pronuncie [kɔ]libri. Esta é então também a pronúncia registada
no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia da
Ciências/Verbo e, posteriormente, no Grande Dicionário Língua Portuguesa,
da Porto Editora.