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Dúvidas linguísticas
ortografia de propriamente, visivelmente e outros advérbios em -mente
A palavra
pròpriamente
continua a ser acentuada com acento grave? E
visìvelmente
?
Em 1973 foram eliminados da ortografia oficial portuguesa os acentos graves e circunflexos nas palavras derivadas com o sufixo
-mente
(ex.:
praticamente, serodiamente, visivelmente
) ou com os sufixos iniciados por
z
(ex.:
pezinho, sozinho
). Seguindo a hiperligação para o
Acordo Ortográfico
em vigor para a língua portuguesa de norma europeia, poderá consultar o Decreto-Lei n.º 32/73 na parte final do documento, após o texto do acordo de 1945.
animalização, seco e peco
Na frase "...o nariz afilado do Sabino. (...) Fareja, fareja, hesita..." (Miguel Torga - conto "Fronteira") em que Sabino é um homem e não um animal, deve considerar-se que figura de estilo? Não é personificação, será animismo? No mesmo conto encontrei a expressão "em seco e peco". O que quer dizer?
Relativamente à primeira dúvida, se retomarmos o contexto dos extractos que refere do conto “Fronteira” (Miguel Torga,
Novos Contos da Montanha
, 7ª ed., Coimbra: ed. de autor, s. d., pp. 25-36), verificamos que é o próprio Sabino que fareja. Estamos assim perante uma animalização, isto é, perante a atribuição de um verbo usualmente associado a um sujeito animal (
farejar
) a uma pessoa (
Sabino
). Este recurso é muito utilizado por Miguel Torga neste conto para transmitir o instinto de sobrevivência, quase animal, comum às gentes de Fronteira, maioritariamente contrabandistas, como se pode ver por outras instâncias de animalização: “vão deslizando da toca” (
op. cit
., p. 25), “E aquelas casas na extrema pureza de uma toca humana” (
op. cit.
, p. 29), “a sua ladradela de mastim zeloso” (
op. cit.
, p. 30), “instinto de castro-laboreiro” (
op. cit.
, p. 31), “o seu ouvido de cão da noite” (
op. cit.
, p. 33).
Quanto à segunda dúvida, mais uma vez é preciso retomar o contexto: “Já com Isabel fechada na pobreza da tarimba, esperou ainda o milagre de a sua obstinação acabar em tecidos,
em seco e peco
contrabando posto a nu” (
op. cit.
p.35). Trata-se de uma coocorrência privilegiada, resultante de um jogo estilístico fonético (a par do que acontece com
velho e relho
), que corresponde a uma dupla adjectivação pré-nominal, em que o adjectivo
seco
e o adjectivo
peco
qualificam o substantivo
contrabando
, como se verifica pela seguinte inversão:
em contrabando
seco e peco
posto a nu
. O que se pretende dizer é que o contrabando, composto de tecidos, seria murcho e enfezado.
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Palavra do dia
espadagar
espadagar
(
es·pa·da·gar
es·pa·da·gar
)
Conjugação:
regular.
Particípio:
regular.
verbo transitivo
[Regionalismo]
[Regionalismo]
Dar pranchadas em; golpear com espada.
=
ESPADEIRAR
Origem etimológica:
espada + -agar
.