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Dúvidas linguísticas
trar-se-ão ou trazer-se-ão?
Sobre a conjugação do verbo ‘trazer’, no futuro do indicativo, tenho a seguinte dúvida:
(1)
Trar-se-ão a Portugal.
ou
(2)
Trazer-se-ão a Portugal
.
Será que a primeira hipótese está correcta? Não consigo encontrar qualquer tipo de referência, no entanto surge-me intuitivamente.
O verbo
trazer
é irregular, nomeadamente, para o caso que nos interessa, nas formas do futuro do indicativo:
trará, trarás, traremos, trareis, trarão
(se se tratasse de um verbo regular, as formas seriam
*trazerei, ..., *trazerão
[o asterisco indica forma incorrecta]).
Quando é necessário utilizar um pronome pessoal átono (ex.:
me, o, se
) nas formas do futuro do indicativo (ex.:
telefonará
) ou do condicional (ex.:
encontraria
), este pronome é inserido entre o radical e a desinência do verbo (ex.:
telefonará + me
=
telefonar-me-á; encontraria + o = encontrá-lo-ia
).
Como se trata da flexão irregular
trarão
, a forma correcta com o pronome deverá ser
trar-se-ão
e não *
trazer-se-ão
, que é uma forma incorrecta.
étimos latinos nos dicionários
A minha dúvida é a respeito da etimologia de determinadas palavras cuja raiz é de origem latina, por ex.
bondade, sensibilidade, depressão
, etc. No Dicionário Priberam elas aparecem com a terminação nominativa mas noutros dicionários parece-me que estão na terminação ablativa e não nominativa. Gostaria que me esclarecessem.
O
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
regista, por exemplo, na etimologia de
bondade
,
sensibilidade
ou
depressão
, as formas que são normalmente enunciadas na forma do nominativo, seguida do genitivo:
bonitas, bonitatis
(ou
bonitas
,
-atis
)
; sensibilitas, sensibilitatis
(ou
sensibilitas
,
-atis
) e
depressio, depressionis
(ou
depressio
,
-onis
).
Noutros dicionários gerais de língua portuguesa, é muito usual o registo da etimologia latina através da forma do acusativo sem a desinência
-m
(não se trata, como à primeira vista pode parecer, do ablativo). Isto acontece por ser o acusativo o caso lexicogénico, isto é, o caso latino que deu origem à maioria das palavras do português, e por, na evolução do latim para o português, o
-m
da desinência acusativa ter invariavelmente desaparecido. Assim, alguns dicionários registam, por exemplo, na etimologia de
bondade
,
sensibilidade
ou
depressão
, as formas
bonitate, sensibilitate
e
depressione
, que foram extrapoladas, respectivamente, dos acusativos
bonitatem, sensibilitatem
e
depressionem
.
Esta opção de apresentar o acusativo apocopado pode causar alguma perplexidade nos consulentes dos dicionários, que depois não encontram estas formas em dicionários de latim. Alguns dicionários optam por assinalar a queda do
-m
, colocando um hífen no final do étimo latino (ex.:
bonitate-, sensibilitate-,
depressione-
). Outros, mais raros, como o
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
ou o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
optaram por enunciar os étimos latinos (ex.:
bonitas, -atis; sensibilitas, -atis
,
depressio, -onis
), não os apresentando como a maioria dos dicionários; o
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
não enuncia o étimo latino dos verbos, referenciando apenas a forma do infinitivo (ex.:
fazer < facere; sentir < sentire
).
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gil-mendes
gil-mendes
(
gil·-men·des
gil·-men·des
)
nome masculino de dois números
[
Botânica
]
[
Botânica
]
Variedade de pêssego de pele branca e polpa açucarada.
Origem etimológica:
Gil Mendes
,
antropónimo
.