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saíra-diamante

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saíra-diamantesaíra-diamante
( sa·í·ra·-di·a·man·te

sa·í·ra·-di·a·man·te

)


nome feminino

[Ornitologia] [Ornitologia] Ave passeriforme (Tangara velia) da família dos traupídeos. = TANGARÁ-DIAMANTE

etimologiaOrigem etimológica:saíra + diamante.

Esta palavra no dicionário



Dúvidas linguísticas



Acabo de reparar que nas Definições - Acordo Ortográfico de 1990 - Variedade do Português - distinguem-se duas Normas, uma Europeia e outra Brasileira. A minha pergunta é: Porque é que a norma utilizada em PORTUGAL é designada por norma europeia - que eu saiba não existe mais nenhum país na Europa cuja língua oficial seja o Português - quando a norma utilizada no Brasil é designada por norma brasileira e não sul americana?
Vejo isso como uma descriminação em relação ao país onde nasceu a língua portuguesa. Já encontrei na internet entidades, que ganham dinheiro a ensinar a língua portuguesa, a afirmar que o português falado no Brasil é mais puro do que aquele que é falado em Portugal. Duvido que as entidades brasileiras aceitassem de braços caídos que a versão da língua portuguesa que eles falam fosse designada como Norma Sul Americana.
As designações "norma europeia", "português europeu" ou "variedade europeia" não foram criadas pelo Dicionário Priberam, nem constituem qualquer discriminação, antes correspondem a conceitos terminológicos utilizados nos estudos linguísticos e no ensino do português, nomeadamente no que diz respeito à variação geográfica. As designações "europeu" e "de Portugal" ou "português" são consideradas sinónimas no contexto geral em que são usadas, da mesma forma que são usadas as designações "do Brasil" ou "brasileiro", a par de "americano" ou "sul-americano" (ainda que estas duas últimas sejam aparentemente menos utilizadas).

A título de exemplo, podemos destacar quatro casos paradigmáticos deste uso:
  • " Celso Cunha (1917-1989, linguista brasileiro) e Lindley Cintra (1925-1991, linguista português), na Nova Gramática do Português Contemporâneo (7.ª ed., Rio de Janeiro: Lexikon, 2017; 1.ª edição: Lisboa: João Sá da Costa, 1984; Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985), referem as "normas europeia e americana do português" (p. XXIV) e distinguem dentro das variedades do português, os "dialetos do português europeu", dividindo-os em setentrionais, centro-meridionais e galegos (p. 24), a par dos "dialetos das ilhas atlânticas" e dos "dialetos brasileiros".
  • " Na Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, de Isabel Hub Faria et al. (Lisboa: Caminho, 1996), no capítulo "Variação linguística", as autoras referem que "o Português está vivo na sua variante europeia e na sua variante sul-americana, por exemplo, cada uma delas divisível em variedades linguísticas menores, numericamente inferiores, que ocupam áreas geográficas mais restritas. No entanto, todas elas partilham um conjunto de traços gramaticais que não difere substancialmente, embora o Português do Brasil tenda a seguir um rumo autónomo, divergente, na sua evolução [...]" (p. 483).
  • " Na Gramática da Língua Portuguesa, de Maria Helena Mira Mateus et al. (Lisboa: Caminho, 2003), Isabel Hub Faria refere que "em línguas com larga história de expansão mundial e de mobilidade dos seus falantes nativos, observa-se a existência de variedades que se vão progressivamente fixando e autonomizando, até ser possível caracterizá-las como variedades locais ou mesmo nacionais. É nessa perspectiva que distinguimos entre a variedade europeia do português que designamos de português europeu (PE) e variedade brasileira do português ou português brasileiro (PB)" (p. 34) [destacado a negro da autora].
  • " O Dicionário Terminológico (consultado em 2020-07-06), ferramenta do Ministério da Educação e Ciência do Governo Português para o ensino básico e secundário do português, refere-se à "variedade europeia do português", a par das "variedades africanas" e da "variedade brasileira".

Esta distinção que usa os adjectivos europeu e americano é usada também em relação a outras línguas, designadamente o espanhol ou o francês. Veja-se, a título de exemplo, as referências ao espanhol europeu no "Prólogo" da Nueva gramática de la lengua española (Madrid: Real Academia Española / Asociación de Academias de la Lengua Española, 2016): "Tiene [...] más sentido [...] mostrar separadas las opciones particulares que pueden proceder de alguna variante, sea del español americano o del europeo. [...] Al igual que se emplea en lingüística la expresión francés europeo (el de Francia, Bélgica y Suiza) para oponerlo al canadiense o al hablado en otras partes del mundo, se adopta el término de español europeo para hacer referencia al hablado en España. Como es obvio, español europeo no equivale a español peninsular, ya que solo el primero incluye los territorios insulares españoles."

As terminologias contribuem para a organização do conhecimento, nomeadamente do conhecimento técnico e científico, e os termos podem ser questionados e revistos, mas cremos que estas designações pretendem ser descritivas e não configuram qualquer juízo de valor sobre as variedades linguísticas.




É absurdo dizer "voltagem" é um termo da Física ou da Engenharia Eletrotécnica! O termo científico é Tensão Elétrica, diferença de potencial. "Voltagem" é calão, trata-se de linguagem não qualificada e que por excesso de uso entrou na linguagem corriqueira! Não existe "voltagem", nem "amperagem", nem "ohmagem", nem "wattagem", nem qualquer outro disparate a nível eletrotécnico!
Em relação à definição da palavra voltagem, o Dicionário Priberam regista os significados que ela apresenta na língua, nomeadamente o de "tensão eléctrica" (ex.: o ar condicionado pode parar de funcionar devido a uma grande oscilação de voltagem), tal como o fazem outros dicionários de português, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa ou o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Este registo corresponde a um uso efectivo na língua, que pode ser verificado em diversos corpora e motores de pesquisa, com ocorrências quer em texto técnico, quer em texto jornalístico, embora este uso seja pouco recomendável do ponto de vista terminológico, como se explica de seguida.

Regra geral, o nome das grandezas não deve fazer referência às unidades em que elas são expressas, mas há excepções consagradas pelo uso. A Comissão Electrotécnica Internacional (em inglês, International Electrotechnical Commission, IEC) que, juntamente com a Organização Internacional de Normalização (em inglês, International Organization for Standardization, ISO), é uma das entidades internacionais de normalização de tecnologias eléctricas, electrónicas e relacionadas, afirma isso mesmo no seu International Electrotechnical Vocabulary (IEV), disponível online desde 2007 em https://www.electropedia.org/.

Na entrada quantity name (nome de grandeza) o IEV faz a seguinte ressalva na nota 3 (tradução nossa): “Em princípio, o nome de uma grandeza não deve fazer referência a nenhum nome de unidade, embora haja excepções: por exemplo, “voltagem” e "molar", como qualificador de um nome de grandeza”.

A mesma obra, na entrada voltage faz a mesma ressalva na nota 2 (tradução nossa): «O nome “voltage”, comummente usado em língua inglesa, é uma excepção ao princípio de que um nome de grandeza não deve fazer referência a nenhum nome de unidade.»

Posteriormente ao IEV, a série de normas internacionais ISO 80000 ou IEC 80000, desenvolvidas e publicadas em conjunto pela ISO e pela IEC, também faz referência a esta questão.

A norma IEC 80000-6:2008, Quantities and units - Part 6: Electromagnetism, tem a seguinte nota no item 6-11.3 voltage, electric tension, quando apresenta os nomes, símbolos e definições das grandezas (tradução nossa): «O nome “voltage”, comummente usado em língua inglesa, é apresentado no IEV, mas é uma excepção ao princípio de que um nome de grandeza não deve fazer referência a nenhum nome de unidade.»

A excepção reflecte-se no texto da própria norma ISO 80000-6:2008, já que o termo voltage tem 21 ocorrências enquanto electric tension ocorre uma única vez em todo o documento.

Talvez com o intuito de clarificar a questão, a norma ISO 80000-1:2009, Quantities and units - Part 1: General, retoma o tema no seu Annex A, Terms in names for physical quantities, mais especificamente no ponto A.1 General (tradução nossa): «[...] Uma vez que as grandezas são sempre independentes da unidade em que são expressas, um nome de grandeza não deve reflectir o nome de nenhuma unidade correspondente. No entanto, existem algumas excepções a esta regra geral, como voltagem. O nome “tensão eléctrica” corresponde à voltagem em muitos idiomas além do inglês. Recomenda-se o uso de “tensão eléctrica” sempre que possível. [...]»

O texto desse anexo refere que esta não é uma questão exclusiva da língua inglesa, recomenda o uso de tensão eléctrica em vez de voltagem, mas não nega a existência deste último, nem impõe a sua eliminação, como também se pode ler no mesmo anexo (tradução nossa): «[...] Não é intenção deste anexo impor regras rigorosas para eliminar os desvios relativamente frequentes que foram incorporados nas várias linguagens científicas. No entanto, os princípios apresentados devem ser seguidos ao nomear novas grandezas. Além disso, na revisão de termos existentes, os desvios destes princípios devem ser examinados criticamente. [...]»

O Instituto Português da Qualidade (IPQ), entidade pública que, entre outras, desempenha funções de organismo nacional de normalização, não se pronuncia explicitamente sobre esta questão nas suas normas. Com efeito, as normas portuguesas NP 2626-112:2010 e NP 2626-121:2009, que correspondem aos capítulos do IEV onde são feitas as ressalvas e notas acima mencionadas, apenas apresentam os equivalentes portugueses dos termos ingleses e franceses definidos no IEV. A norma NP 2626-121:2009 apresenta o equivalente tensão (eléctrica) para o inglês voltage, reproduzindo o equivalente português que é apresentado no IEV. Nos preâmbulos dessas normas o IPQ afirma que elas apresentam “a versão portuguesa do Vocabulário Electrotécnico Internacional (VEI) segundo a CTE 1 e conforme a publicação em língua inglesa pelo Technical Committee 1 (Terminology) da IEC. [...] O VEI está disponível para consulta na página https://www.electropedia.org/.” Ao remeter para essa página, o IPQ remete também para as definições e para as notas aí presentes.

É muito provável que, como ficou exposto acima, o uso de voltagem em português decorra do uso do inglês voltage, termo que também nessa língua não será o mais recomendável terminologicamente, mas este é já um uso consagrado, presente inclusive noutras línguas, como catalão, espanhol, francês ou italiano, conforme pode verificar clicando nas hiperligações para dicionários dessas línguas.

Dada a riqueza da língua, cada falante terá sempre a opção de usar ou não determinadas palavras, consoante as suas necessidades, preferências ou a opção pelo rigor terminológico.