Ouve-se em certos telejornais expressões como a cujo
ou em cujo; contudo gostaria de saber se gramaticalmente a palavra
cujo pode ser antecedida de preposição.
O uso do pronome relativo cujo, equivalente à expressão do qual, pode ser antecedido de preposição em contextos que o justifiquem, nomeadamente quando a regência de
alguma palavra ou locução a tal obrigue. Nas frases abaixo podemos verificar que o pronome está correctamente empregue antecedido de várias preposições (e não apenas a ou em) seleccionadas por determinadas palavras (nos exemplos de 1 e 2) ou na construção de adjuntos adverbiais (nos exemplos de 3 e 4):
1) O aluno faltoua alguns exames. O aluno reprovou nas disciplinas a cujo exame faltou. (=O aluno reprovou nas disciplinas ao exame das quaisfaltou);
2) Não haverá recursoda decisão. Os casos serão julgados pelo tribunal, de cuja
decisão não haverá recurso. (=Os casos serão julgados pelo tribunal, dadecisão do qual não haverá recurso);
4) Houve danos em algumas casas.Os moradores emcujas casas houve danos foram indemnizados. (=Os moradores nas casas dos quais houve danos foram indemnizados);
5) Exige-se grande responsabilidade para o exercício desta profissão. Esta é uma profissão paracujo exercício se exige grande responsabilidade.
(=Esta é uma profissão para o exercício da qual se exige grande responsabilidade).
Gostaria de informar-lhes a respeito do nome "álibi" encontrado em vossa página. Consta, que "álibi" é uma palavra acentuada por ser uma palavra proparoxítona. Porém, devido ao latinismo, a mesma não apresenta nenhum tipo de acentuação.
Para verificação da regra gramatical, ver MODERNA GRAMÁTICA PORTUGUESA, 37a. edição, EVANILDO BECHARA, página 92.
A palavra esdrúxula (ou proparoxítona) álibi
corresponde ao aportuguesamento do latinismo alibi, que significa “em
outro lugar”. O étimo latino, cuja penúltima vogal é breve, justifica a
consagração desta forma com acento gráfico, sendo que o Vocabulário da Língua Portuguesa de
Rebelo Gonçalves (Coimbra: Coimbra Editora, 1966) e o Grande Vocabulário da
Língua Portuguesa, de José Pedro Machado (Lisboa: Âncora Editora, 2001)
referem, respectivamente, que é inexacta ou incorrecta, a forma aguda (ou
oxítona) alibi. A Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo
Bechara (37ª ed. revista e ampliada, Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002),
regista a forma alibi, mas marca-a como latinismo, isto é, como forma
cuja grafia é a mesma do étimo latino, não respeitando as regras ortográficas do
português que obrigam à acentuação gráfica de todas as palavras esdrúxulas. O
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
parece ser o único dicionário de língua portuguesa que regista a forma alibi
(como palavra grave e com a correspondente transcrição fonética diferente de
álibi), averbando-a em linha a seguir a álibi, como variante não
preferencial (segundo as indicações da introdução dessa obra).