Ouve-se em certos telejornais expressões como a cujo
ou em cujo; contudo gostaria de saber se gramaticalmente a palavra
cujo pode ser antecedida de preposição.
O uso do pronome relativo cujo, equivalente à expressão do qual, pode ser antecedido de preposição em contextos que o justifiquem, nomeadamente quando a regência de
alguma palavra ou locução a tal obrigue. Nas frases abaixo podemos verificar que o pronome está correctamente empregue antecedido de várias preposições (e não apenas a ou em) seleccionadas por determinadas palavras (nos exemplos de 1 e 2) ou na construção de adjuntos adverbiais (nos exemplos de 3 e 4):
1) O aluno faltoua alguns exames. O aluno reprovou nas disciplinas a cujo exame faltou. (=O aluno reprovou nas disciplinas ao exame das quaisfaltou);
2) Não haverá recursoda decisão. Os casos serão julgados pelo tribunal, de cuja
decisão não haverá recurso. (=Os casos serão julgados pelo tribunal, dadecisão do qual não haverá recurso);
4) Houve danos em algumas casas.Os moradores emcujas casas houve danos foram indemnizados. (=Os moradores nas casas dos quais houve danos foram indemnizados);
5) Exige-se grande responsabilidade para o exercício desta profissão. Esta é uma profissão paracujo exercício se exige grande responsabilidade.
(=Esta é uma profissão para o exercício da qual se exige grande responsabilidade).
Gostaria de saber se as palavras escritas em letras maiúsculas são acentuadas. Ex.: ÁRVORE.
Na
ortografia portuguesa, as palavras têm a mesma acentuação independentemente de
serem grafadas com letras maiúsculas ou minúsculas. Assim, se pretender escrever
árvore, ébano, ímpeto, óbito, único com inicial maiúscula ou totalmente
em maiúsculas, deverá escrever Árvore ou ÁRVORE, Ébano ou
ÉBANO, Ímpeto ou ÍMPETO, Óbito ou ÓBITO ou
Único ou ÚNICO.
O texto do Acordo
Ortográfico, que regula a ortografia do português europeu e que tem
regras específicas para o uso de maiúsculas nas bases XXXIX a XLVII, não refere
explicitamente este assunto, mas o próprio texto legal contém sempre acentos em
maiúsculas, nomeadamente em palavras como "MINISTÉRIO", "Ámon", "Áustria-Hungria",
"Nun'Álvares", "Índias" ou no nome do Presidente da República em 1945, "ANTÓNIO
ÓSCAR DE FRAGOSO CARMONA".
Outras ortografias de línguas românicas próximas do português, como o espanhol
ou o francês, têm o mesmo comportamento. A Real Academia Española (Ortografía
de la Lengua Española, Madrid: Editorial Espasa Calpe, 1999, p. 53)
refere explicitamente que as maiúsculas levam acento e que a Academia nunca
estabeleceu uma norma em sentido contrário. Quanto ao francês, a tradição
escolar costuma ensinar que as maiúsculas podem não ser acentuadas, não sendo
essa, no entanto, a posição da
Académie Française, que recomenda o uso sistemático das maiúsculas
acentuadas; também a União Europeia, no Código de Redacção Interinstitucional
relativo ao francês postula
que as maiúsculas são, em princípio, sempre acentuadas (http://publications.europa.eu/code/fr/fr-240203.htm).